Nos últimos anos – e em particular desde que, em 2017, estabeleceu com o Governo o memorando de entendimento para a supervisão da implementação da indústria 4.0 no País – a COTEC Portugal tem feito a demonstração de todas estas soluções de transformação industrial e apostado na mobilização dos decisores e empresários do País para as medidas que têm de ser tomadas de forma a acelerar a 4.ª Revolução Industrial em Portugal. O memorando dá a esta entidade a responsabilidade pela coordenação operacional, monitorização, avaliação e actualização da Estratégia de Digitalização para a Indústria 4.0 – Programa Indústria 4.0. O entendimento levou à criação de uma plataforma colaborativa (Pi4.0 ) co-financiada por verbas públicas, envolvendo grupos empresariais e organismos do Estado, e com órgãos como o Comité Estratégico.
A estratégia passa pela adopção do 4.0 pelo tecido empresarial português, promover os fornecedores tecnológicos portugueses como players i4.0 e ainda tornar Portugal um polo atractivo para investimento nesta área. O processo foi desenhado de baixo para cima, com contributos de centenas de intervenientes de vários sectores-chave e a definição de mais de 60 medidas.
Desde 2017 (quando se iniciou a primeira fase, que pretende ser de demonstração e mobilização) a organização baseou-se em seis eixos de actuação prioritária: capacitação dos recursos humanos, cooperação tecnológica, criação da startup i4.0, financiamento, apoio ao investimento, internacionalização e adaptação legal e normativa. Foram ainda criados quatro grupos de trabalho para sectores prioritários onde a digitalização tem mais impacto (turismo, vestuário, agro-alimentar e automóvel), a que mais tarde se juntaram sectores como a construção (em particular com a difusão da solução de modernização Building Information Modelling, ou BIM) e a saúde (connected healthcare).
Esta é a primeira revolução industrial em que a localização geográfica de Portugal não nos prejudica e os investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação realizados neste país na última década nos permitem ambicionar liderar esta mudança
João Vasconcelos
Nas várias iniciativas realizadas dentro e fora do País – encontros nacionais, conferências de inovação, visitas técnicas a instalações fabris e missões em feiras industriais internacionais como a Hannover Messe –, a organização trouxe à reflexão temas como as transformações das profissões e do posto de trabalho, o papel da colaboração na inovação, a relação entre humanos e máquinas e a capacitação empresarial. E realçou ainda a importância da economia circular em vez da obsolescência programada, o imperativo da cibersegurança e a distinção da excelência na indústria. Muitas dessas iniciativas e do trabalho realizado nos últimos dois anos pela COTEC Portugal são analisadas em detalhe nas páginas desta edição especial da EXAME dedicada à Indústria 4.0. Depois da demonstração e mobilização da Fase I, a Fase II (apresentada em Abril passado e que terá coordenação conjunta da COTEC e do IAPMEI) pretende ser de transformação, para que na próxima década Portugal possa estar entre os países líderes na Europa no 4.0.
João Vasconcelos (secretário de Estado da Indústria do XXI Governo, que faleceu em Março deste ano aos 43 anos) foi um dos grandes impulsionadores desta parceria público-privada: “Esta é a primeira revolução industrial em que a localização geográfica de Portugal não nos prejudica e os investimentos em infraestruturas tecnológicas, em ciência e na qualificação realizados neste país na última década nos permitem ambicionar liderar esta mudança,” disse a propósito da iniciativa.
Desenvolvido em parceria com:
