Ninguém pode inovar sozinho

O sucesso da transformação digital na indústria passa pela construção de ecossistemas colaborativos. A automatização das cadeias de valor é o primeiro passo para este “admirável mundo” e já há vários casos de sucesso em território nacional.

A busca pela eficiência, que resulte numa maior produtividade e, consequentemente, numa melhoria da performance financeira, é a fórmula de ouro perseguida por gestores e empresários para um negócio bem sucedido. A introdução do digital em todos os setores da economia abriu portas para atingir esse fim de forma mais fácil e rápida, mas isso obrigou também as empresas a alterar os seus processos internos e a partilhar informação.


Na indústria – onde a circunstância de muitos dos processos serem repetitivos torna mais fácil a sua automatização – a integração de uma cadeia de valor digital permite obter ganhos rapidamente visíveis e quantificáveis. A redução de custos e o aumento de produtividade serão, talvez, os mais imediatos, mas os bons resultados não cessam aí. Tecnologias como a cloud e a inteligência artificial estão a facilitar e a potenciar a nova forma de trabalho colaborativo. A interligação de todos os sistemas empresariais internos e a sua conexão com infra-estruturas externas (de parceiros ou clientes) criam ecossistemas colaborativos que trazem vantagens competitivas para todos os intervenientes.
De acordo com o relatório ‘Indústria 4.0 – Construir a empresa digital’, realizado pela consultora PwC, a digitalização na indústria parte da integração dos processos verticais (procedimentos, sistemas e áreas de negócio internos à empresa) em toda a organização, desde o desenvolvimento do produto e compras, até à produção, logística e serviços. Com esta mudança organizacional, a informação gerada pelos processos operacionais, bem como a eficiência, gestão da qualidade e todo o planeamento, passam a estar disponíveis em tempo real. Muitas vezes são potenciados por tecnologias como a realidade aumentada, que permite simular o produto antes de levá-lo ao chão de fábrica, processo que permite eliminar potenciais erros e ajustar as alterações necessárias sem o desperdício que estes testes implicavam anteriormente.
Por outro lado, a integração horizontal (externa à empresa) estende-se para além das operações internas, desde os fornecedores aos consumidores, e toda a restante cadeia de valor. Estão inerentes a este processo a integração de dispositivos de planeamento e execução que fazem o controlo e rastreio dos processos em tempo real.

Sob o comando do digital
Mais e melhores produtos, com maior variedade e possibilidade de personalização, são outras vantagens da integração do digital nas cadeias de valor industriais. Segundo o mesmo relatório da PwC, através da integração de novos métodos de recolha e análise de dados, as empresas serão capazes de gerar informação acerca da utilização dos seus produtos e aperfeiçoá-los para satisfazer as necessidades dos consumidores, em permanente transformação. A expansão da oferta pode ser uma realidade com a ajuda de sensores inteligentes ou dispositivos de comunicação que sejam utilizados em cooperação com ferramentas de análise de dados, bem como a criação de novos produtos digitais que se concentrem em soluções completamente integradas, refere o relatório.


Com um modelo de negócio digital, suportado em ferramentas tecnológicas, as organizações terão a possibilidade de gerar receitas digitais adicionais, enquanto optimizam a interacção e o acesso dos consumidores. O facto de fazerem parte de um ecossistema que inclui todos os players tradicionais de uma cadeia de valor, mas também os clientes, permitirá às empresas do sector industrial criar relações mais directas e mais fortes com consumidores cada vez mais interventivos e decisivos na definição dos novos produtos ou serviços digitais. O que aumenta muito a probabilidade de dar resposta rápida e eficiente às necessidades dos consumidores. De acordo a PwC, as empresas pioneiras, que conseguem estabelecer plataformas de partilha, terão vantagens competitivas face aos seus concorrentes. A consultora defende que as empresas industriais necessitarão de ter o ownership da relação com o seu consumidor final, que é quem decide sobre a procura ou, em alternativa, fazerem parte de plataformas que lhes permitam aceder ao cliente final de forma mais eficiente.



Processos mais ágeis
Maior produtividade e competitividade, e uma diminuição significativa do desperdício são o resultado da digitalização dos processos operativos na fábrica da Movecho, em Nelas

Luís Abrantes, CEO da Movecho, empresa luso-suíça especializada na produção de mobiliário de escritório e equipamentos para espaços comerciais, não tem dúvidas de que a digitalização dos processos tem uma importância vital ao nível de todo o processo de inovação. “As cadeias de valor digitais simplificam toda uma eficácia e metodologia organizacional, tanto para dentro como para fora, e são uma ferramenta incontornável na monitorização, registo e obtenção de dados online”.


Com a transformação digital da sua cadeia de valor, a Movecho conseguiu aumentar substancialmente o nível de produtividade de todos os recursos, essencialmente pela organização e método integrados nos processos, que tornam toda a capacidade produtiva mais eficaz. Mudanças que, segundo o CEO, potenciaram também a competitividade do negócio. “Os processos são agora mais ágeis, a informação mais objectiva e sempre disponível online, o que é também um forte contributo para a eliminação do erro”, explica.

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