Os desafios da economia portuguesa

Especialistas da banca e da consultadoria identificam quais as principais barreiras que a economia portuguesa terá de ultrapassar e de que forma uma estratégia centrada na inovação e na transformação digital poderá alavancar o crescimento das empresas

O fraco crescimento económico nacional, a baixa produtividade das empresas portuguesas, a falta de competitividade internacional, a pesada dívida pública que condiciona os investimentos ou a necessidade de disciplina orçamental são desafios que a economia nacional enfrenta há vários anos. A aposta em inovação e na digitalização da economia é uma necessidade premente que pode ser atrasada ou dificultada por estas barreiras, mas esta está em curso e terá forçosamente de acontecer.
Fomos ouvir um painel de especialistas que respondem a estas questões e identificam quais os maiores desafios que os próximos cinco anos nos trazem e como a digitalização e a inovação têm impacto na forma como os vamos enfrentar.


Isabel Guerreiro
Administradora do Santander Portugal

Um dos desafios de Portugal é aumentar o investimento produtivo, no contexto de elevado endividamento face ao potencial de geração de riqueza, que exige que os recursos disponíveis, exíguos, sejam utilizados de forma mais eficiente e eficaz.
Na última década, Portugal expandiu a capacidade exportadora, através da diversificação dos mercados e do foco em segmentos de produtos e serviços de maior valor acrescentado, quer na indústria, quer no turismo. Este tem evoluído na cadeia de valor, a par das tensões existentes em mercados concorrentes.
A expansão das exportações exige a prossecução de investimentos em setores estratégicos, inovadores e de elevado valor acrescentado, mas requer também a capacidade em atrair e reter talento.
Países cujo tecido empresarial promove e estimula o talento registam níveis elevados de competitividade e produtividade. Consequentemente, os salários são mais elevados e o nível de desemprego estrutural é baixo, contribuindo para que a procura interna seja resiliente, mitigando os impactos de uma redução da procura externa, como ocorre atualmente.

O processo de digitalização tem vindo a transformar a economia mundial nos últimos 25 anos. A rapidez na troca de informação e comunicação potenciou a transformação dos processos de produção e distribuição, dos sistemas de pagamentos e do sector financeiro.
Contudo, o processo de digitalização pode ter efeitos paradoxais. Promove a maior personalização às necessidades do consumidor, contribuindo para subir os preços; porém, reduz as barreiras à entrada a novas empresas no mercado, contribuindo para baixar os preços. A sustentabilidade das empresas vai depender da sua capacidade de diferenciação e especialização em cada momento do tempo.


A capacidade de gerar sustentadamente valor acrescentado, num contexto cada vez mais digital, exige que os produtos e serviços produzidos excedam as expectativas dos consumidores. Assim sendo, a intensificação da digitalização de uma economia está positivamente correlacionada com o nível de qualidade e especialização das pessoas que as produzem. É fundamental que o mercado de trabalho em Portugal se paute por condições competitivas suficientes, para reter e para atrair mais talento.

3 O Santander tem vindo a seguir uma estratégia de transformação digital e nos últimos anos tem inovado nesta área, disponibilizando um conjunto de facilidades tecnológicas aos seus Clientes. Os números evidenciam este foco e o Banco tem cerca de 47% de clientes digitais em relação à base de clientes activos, com um crescimento anual de 12% (dados de setembro de 2019).


Desde 2018 temos vindo a investir na automação de tarefas utilizando a robótica como alavanca (RPA – Robotic Process Automation). Neste momento estão em funcionamento cerca de 35 processos automatizados via robótica, executando +7.500 execuções diárias, com grandes impactos na melhoria de processos, redução de risco operacional e controlo operacional. Este investimento que o Banco Santander tem vindo a fazer vai ser alargado, explorando todas as alavancas de intelligent automation: leitura e interpretação de documentos, portais e orquestração com sistemas de BPM (business process management).
Continuaremos a inovar nos produtos e serviços que oferecemos, e a disponibilizar balcões com formatos mais modernos e orientados para as necessidades dos clientes.

João Paulo Domingos
Partner da Deloitte Consultores

1 A economia portuguesa está inevitavelmente muito dependente dos mercados e economias externas e, nessa perspectiva, o grande desafio que Portugal tem será o da maior competitividade e valor acrescentado das suas empresas. Só assim conseguiremos um modelo sustentável de criação de riqueza e estar mais a salvo de um eventual arrefecimento económico global. Por outro lado, o país continua limitado por uma enorme dívida pública que condiciona investimentos em infraestruturas essenciais à dinamização da economia. Será necessário foco na disciplina orçamental, encetar reformas estruturais (educação, custos de contexto, regulação, fiscalidade e justiça) que promovam a competitividade da nossa economia e a atracção de mais investimento estrangeiro.

A digitalização da economia traz consigo transformações disruptivas ao nível de modelos de negócio, modelos operativos e modelos de relacionamento com o cliente. Estas transformações trarão oportunidades únicas para as empresas de se posicionarem como pioneiros na economia do futuro, de beneficiar de novas ofertas e captar novos mercados, desde que tenham as condições internas e contextuais para poderem reconhecer oportunidades e investir correctamente. Adicionalmente, a transformação digital da economia trará grandes benefícios incrementais de produtividade, que bem capitalizados colocarão as empresas portuguesas em posições competitivas mais vantajosas em relação ao exterior.

A inovação é absolutamente essencial no sucesso das empresas e da economia portuguesa. É necessário que haja uma clarificação da visão neste âmbito, suportada por um reforço da literacia tecnológica das empresas e, principalmente, das competências de gestão que permitem ter um melhor conhecimento e implementação das oportunidades da quarta revolução industrial. Apenas assim conseguirão ter o foco necessário nos investimentos que realmente serão distintivos. Todo o sistema de inovação que suporta as empresas nestes desenvolvimentos, as universidades e politécnicos, centros de investigação, centros tecnológicos, clusters e associações sectoriais, devem continuar a trabalhar para atingir uma colaboração mutuamente benéfica que lhes permita ser eficientes no investimento.


Vitor Pereira
Director de Desenvolvimento Negócio, Produtos, CRM e Marketing e membro da Comissão Executivado Bankinter Portugal

Consideramos existirem quatro principais desafios no médio prazo. Em primeiro, a gestão do stock de dívida, cujo rácio Dívida Pública versus PIB se mantém acima dos 120% e que, somente pelo contexto de taxas de juro em mínimos históricos, não tem tido um maior impacto, mas que requer redução continuada. Em complemento, e como segundo desafio, a dívida externa em percentagem do PIB que se situa em torno dos 100% e que representa um risco estrutural a prazo, que se pode agravar num contexto de desequilíbrio da balança comercial. Este ponto conduz ao terceiro, que é o equilíbrio do padrão de crescimento económico, desejavelmente repartido pela procura interna e externa. Contudo, prevê-se um aumento do peso das importações versus as exportações, o que tende a potencialmente desequilibrar o referido padrão.
Por fim, o contexto internacional – marcado pelo Brexit, pela guerra comercial EUA/China, e pela instabilidade geopolítica -, condicionará o desempenho económico externo, e em setores cuja contribuição para a economia tem vindo a crescer nos últimos anos, como é o caso do turismo. No outlook Bankinter para o próximo triénio, antevemos um cenário caracterizado pela moderação do crescimento económico (evolução do PIB) e estabilidade em níveis sustentáveis de indicadores como, por exemplo, a taxa de desemprego e inflação.

2 A introdução de processos de natureza digital, seja pela simples digitalização, seja na vertente de transformação digital com recurso a novas capacidades tecnológicas permite enfrentar os desafios económicos em três dimensões. No aumento da produtividade e competitividade, permitirá atingir mais com menos alocação de recursos, o que contribuirá sobretudo para o desafio do mercado externo. No que diz respeito a novos mercados e modelos de negócio, possibilitará a redefinição de novas categorias de produtos e serviços, novos segmentos e mercados, abrindo assim espaço para o crescimento da actividade económica. Por último, com a globalização digital e de mercado, hoje as empresas podem competir em qualquer mercado, em quaisquer segmentos, alargando dramaticamente os mercados alvo. Para apoiar as empresas neste trajecto de transformação digital e de inovação de processos e modelos de negócio, temos apostado em incorporar as tecnologias nos canais de serviço aos clientes, reduzindo os custos operacionais de transacionalidade bancária, e aumentando os níveis de comodidade e de segurança.


Hermano Rodrigues
Principal | EY-Parthenon

Se nos focarmos no essencial, os desafios centrais que Portugal irá enfrentar nos próximos anos são vários. Desde já o desafio do rejuvenescimento da população e do talento, isto é, do estímulo à natalidade, da promoção da imigração qualificada e da aposta incisiva no ensino e formação. Depois o da aceleração do crescimento económico e de catching-up face às economias desenvolvidas mais dinâmicas, que implica resultados melhores no nosso país em matéria de transferência e valorização de conhecimento na economia. Temos também o desafio da sustentabilidade ambiental, do aprofundamento da economia circular, da descarbonização e da transição energética. O desafio da digitalização das empresas e da sociedade, sobretudo pela via da indústria 4.0, o desafio da sustentabilidade económico-financeira dos principais serviços públicos, que exige repensar radicalmente a forma como o Estado funciona e está organizado e o desafio da equidade e da coesão, quer ao nível territorial quer ao nível individual e familiar são outros exemplos.

A digitalização constitui uma alavanca fundamental para responder a qualquer um dos desafios elencados. Ela é muito transversal à sociedade e à economia e, como alguém disse, torna o mundo mais plano. A digitalização prolifera hoje em Portugal nos vários sectores empresariais chegando até às famílias e ao Estado. Temos em Portugal boas infraestruturas de suporte à digitalização e à indústria 4.0, mas os défices de adesão à mesma são significativos. Existe uma parte muito significativa da população portuguesa e do tecido empresarial que está completamente arredada da digitalização, muito por falta de informação, conhecimento e formação sobre o tema. Mas a digitalização é muito importante para o futuro do país, abrindo enormes oportunidades para o aumento da competitividade, para o aumento da internacionalização e para a provisão de serviços de melhor qualidade e a custos mais baixos. Contudo, para isso se tornar uma realidade, é crítico que se promova as competências necessárias para a democratização efectiva da digitalização.

Estes são dois aspectos nucleares para o sucesso da digitalização em Portugal. A digitalização tem que ser encarada como uma aposta estratégica pelas empresas e pelo governo. Isso significa que o tema tem que estar no centro da gestão estratégica das organizações privadas e públicas, descendo depois à gestão mais operacional. Acontece que isso não é um dado em Portugal. A minha experiência na EY e os estudos recentes sobre o assunto revelam um baixo grau de maturidade digital das empresas no país, designadamente das PME. Mesmo no Estado, a maturidade digital ao nível das operações mais intensivas em trabalho está muito aquém do desejável. Para mudar esta realidade, importa trazer a digitalização para a ordem do dia e para as decisões de investimento. Na verdade, hoje, nenhuma decisão de investimento pode ser tomada sem considerar esta a problemática, sejam investimentos na área da I&D e inovação, na área da inovação produtiva ou na própria qualificação e internacionalização. Ao nível mais macro, a atenção no país tem que se centrar no 5G, dada a dependência desta tecnologia para se avançar em profundidade na digitalização e no estado da arte que se pode influenciar com ela.


Fernando Vilhena e Mascarenhas
Partner, Management & Risk Consulting Corporates & Public Sector da KPMG Advisory

A economia nacional tem de continuar o seu percurso de convergência sustentada com a União Europeia, ao mesmo tempo que se prepara para um mundo mais descarbonizado. Inerente a este percurso, terá de lidar com desafios externos, como as dinâmicas dos mercados globais, o papel evolutivo da Europa, e com os potenciais impactos internos, nomeadamente a sustentabilidade dos sectores que têm sido os pilares de crescimento, tudo isto num contexto demográfico desafiante. A Europa enfrenta desafios de imigração, alterações climáticas, envelhecimento da população, Brexit, entre outros, estando Portugal, por inerência, exposto a estes fatores. Para convergir com a União Europeia Portugal tem de conseguir lidar com estes fenómenos, melhor e mais rápido, sendo cada vez mais resiliente aos fatores de destabilização económicos. O atual crescimento económico português é, maioritariamente, impulsionado pelo turismo e sectores tecnológicos e industriais. O recente abrandamento no crescimento do PIB reflecte a exposição dos mesmos aos fenómenos citados. A somar a estes desafios, as tendências demográficas, apontam para um crescimento da população ativa muito moderado, e consequente envelhecimento da população total, num contexto de mudança dos requisitos do trabalho, em que será necessário garantir a requalificação dos colaboradores mais velhos, e simultaneamente criar estratégias de retenção dos novos colaboradores, com competências relevantes para a crescente digitalização.

A transição digital abre espaço para novos paradigmas, que terão implicações profundas a níveis estruturais da economia, como a produtividade, a eficiência e o emprego, importando que seja acompanhada de adaptações ao nível político, nas suas múltiplas vertentes. É simultaneamente uma fonte de oportunidades e de riscos. Nos setores tradicionais a digitalização oferece uma oportunidade para aumentar a competitividade pela otimização de processos e ganhos de produtividade. Estes avanços na digitalização, quando realizados ao ritmo certo, vão permitir ganhos de competitividade relativamente aos restantes países. Por outro lado, as atuais dinâmicas do comércio e fluxos de investimento internacionais vão amplificar a penalização para quem não for competitivo. Os sectores não tradicionais representam por si uma oportunidade de diversificação da economia sendo crítico que a economia portuguesa consiga captar este setores pelo desenvolvimento de um ecossistema propício à sua criação, crescimento e/ou mobilização para território português. A atracção destes setores vai potenciar o crescimento económico e a sua sustentabilidade a médio prazo.

A inovação das empresas portuguesas carece de uma estratégia de longo prazo, suportada numa estrutura de R&D que pode ser própria e/ou externa. As actividades de inovação mais comuns ainda se centram na aquisição e incorporação de máquinas, equipamentos e software e/ou na realização de formações em temáticas consideradas inovadoras. A actividade interna de R&D que traz inovações ao mercado, aquisição de novo conhecimento ou ganhos de produtividade elevados, continua abaixo da média europeia, assim como, a percentagem de empresas que recorrem a R&D externo. As carências ao nível da estratégia são visíveis sendo uma das dimensões em que Portugal apresenta pior performance face a pares europeus.


Para suportar as empresas na definição de uma estratégia de inovação e digitalização, tem de se desenvolver um sistema diversificado de organizações de interface. Apesar do esforço, a atual rede de instituições é insuficiente sendo necessário um progressivo esforço, por exemplo, no fortalecimento da rede de Digital Innovation Hubs. Importa também incutir no tecido empresarial a importância de integrar estas redes como forma de garantir o acesso a recursos e parceiros facilitadores do processo e de orientar a inovação às exigências dos clientes. Para tal, a implementação de economias de rede é uma boa opção, permitindo a integração e envolvimento das empresas com as redes de negócio externas e próprias, viabilizando a criação de novos modelos de negócio e produtos inovadores. Contudo, é importante compreender qual o papel de cada empresa nesta rede e garantir que as estratégias e alterações, que devem começar internamente, acrescentam algo à cadeia de valor.


Nuno Catarino
Senior Partner, Lisbon, McKinsey & Company

De maneira a aumentar a competitividade e potenciar uma convergência mais acelerada da economia portuguesa com a União Europeia, mantendo o atual modelo social, teremos de ser capazes de enfrentar três grandes desafios: 1) mitigar os efeitos da evolução demográfica; 2) melhorar os níveis de investimento, reduzir o endividamento da economia e aumentar a poupança privada; e 3) melhorar os níveis de investimento em P&D e inovação diretamente produtivos. Ainda que estes desafios sejam comuns ao espaço europeu, e expliquem a perda de competitividade recente da UE face à América do Norte e Ásia emergente, assumem em Portugal um preocupante nível de severidade.

A 4.ª Revolução Industrial foi despoletada por tecnologias que irão alterar todos os setores produtivos. Estes avanços tecnológicos incluem, entre outros, a redução drástica do custo de armazenagem de dados, o poder exponencial de computação e crescentes soluções de automação. Relativamente à economia portuguesa, esta revolução tecnológica poderá funcionar como catalisador para enfrentar desafios como o da evolução demográfica (o aumento de produtividade devido à automação poderá permitir colmatar a redução de população ativa); o dos níveis de investimento, dívida e poupança, já que se espera que aproveitar os benefícios i4.0 implique menores necessidades de capital; e ainda os desafios em P&D e inovação diretamente produtivos, pois apesar dos sinais positivos dos últimos anos uma digitalização da economia deverá ajudar a alinhar o peso de P&D no PIB português com a média europeia e captar investigadores para o setor privado.

A disrupção da Indústria 4.0 está a ser mais evolucionária e menos revolucionária se compararmos, por exemplo, com o impacto que houve com a massificação da Internet. A razão prende-se, sobretudo, com a necessidade de ciclos de investimento longos e a existência de riscos para as empresas se a mudança for mal implementada. Para garantir uma transição adequada, as empresas deverão: usar ativos atuais como ponto de partida para melhorar a captura, estruturação e interpretação de dados para desenvolver as operações e explorar novos modelos de negócio; assegurar os pontos de controlo da cadeia de valor em mutação e alocar capital nesses pontos e reduzir noutros que poderão sofrer “comoditização”; e ter uma organização ágil para apreender e implementar mudanças necessárias.


Armando Santos
Diretor Central de Marketing de Empresas e Institucionais

Aponto como principais desafios da economia os seguintes: a) crescimento e dimensão, b) continuidade geracional do negócio e capacitação da gestão, c) digitalização, redesenho de modelos de negócio e internacionalização.
a) Crescimento e dimensão: Temos assistido a uma dinâmica crescente na atividade empresarial, com uma melhoria generalizada ao nível dos principais indicadores económicos, o que não impede que as empresas portuguesas, sobretudo as PME, mantenham uma dimensão inferior ao seu potencial de crescimento. Este fenómeno agrava o chamado “missing middle”, ou seja a existência de poucas empresas que crescem para o nível seguinte, o das mid-caps.
De entre as medidas a apostar, será certamente importante continuar a promover os incentivos públicos financeiros e fiscais, bem como o estímulo à diversificação das fontes de financiamento para os mercados de dívida e mercado de capitais. O estabelecimento de parcerias é outra medida estratégica, que pode ser decisiva na conquista de novos mercados. Para tal, há que ultrapassar a aversão ao risco que tantas vezes nos domina – Portugal é o segundo país do mundo com maior aversão à incerteza, num estudo de Hofstede de 76 países. É necessário assumir e estabilizar alianças.
Outro modelo de parceria, é integrar as PME nacionais em parcelas das cadeias de valor das grandes empresas portuguesas, ao nível do processo produtivo, logístico, serviço pós-venda, na abordagem aos mercados internacionais. Devemos investir cada vez mais nas competências de gestão e na qualidade dos produtos e serviços portugueses para ampliar o mercado das PME portuguesas, do território português para a dimensão global. A Caixa com a oferta completa, uma rede de empresas com grande capilaridade e com serviços de assessoria e de banca de investimento – único entra a banca portuguesa – é um parceiro essencial na identificação de parcerias virtuosas, fusões e aquisições, participações de capital de risco temporárias, etc.
b) Continuidade geracional do negócio e capacitação da gestão: Para minimizar os problemas de sucessão que subsistem nas PME de cariz familiar, as empresas devem adotar uma estrutura de gestão mais profissional, recorrendo a quadros qualificados e investindo em ativos intangíveis fundamentais, desde sistemas de certificação e qualidade, sistemas de informação, marketing e design, sistemas de logística, etc. O conhecimento, a proximidade dos clientes e as relações duradoras que a Caixa desenvolve com as empresas permitem um quadro de confiança, a identificação das áreas a investir pelo empresário e o financiamento adequado.
c) Internacionalização: A capacidade de entrada em novos mercados e de diversificação de regiões geopolíticas é importante, num mundo cada vez mais incerto. A utilização dos instrumentos de mitigação do risco e de garantia de recebimento em operações de comércio externos e as equipas de aconselhamento e apoio à internacionalização que a Caixa dispõe para PME, complementado com mecanismos de cobertura de riscos comerciais e políticos através da COSEC na vertente de seguros com garantia de Estado e de seguros de crédito, facilitam esse processo.

A cultura digital das organizações, como procura de maior produtividade e de maior competitividade é uma oportunidade para as empresas passarem do mercado local para o global, com novos modelos de negócio. O desenvolvimento e a incorporação de inovações tecnológicas estão a mudar radicalmente o mundo e amoldar a indústria 4.0. É uma alteração de paradigma da organização, dos processos, dos produtos, da experiência do cliente. A digitalização possibilita às empresas reduzir custos, oferecer experiências mais rápidas e desmaterializadas, trabalhar big data para o negócio. É uma oportunidade para as empresas passarem do mercado local para o global, com novos modelos de negócio. Também no setor financeiro, assistimos ao lançamento de novos produtos e abordagens nos canais digitais e em outros ecossistemas, em parcerias fora da indústria. Trabalha-se o conceito de hiperpersonalização de soluções, suportado em ferramentas de advanced-analytics, para proporcionar às empresas maior rapidez, serviço, aconselhamento e tomada de decisão, mais informada e oportuna. A Caixa aposta no progresso digital, liderando a banca digital em Portugal em número de clientes e de transações, numa lógica de resposta multicanal à evolução das expectativas e preferências dos clientes.

É necessário visão. É necessária uma adaptação rápida a diferentes contextos e dar muita atenção às necessidades do mercado. Cada empresa deve ter um roadmap de inovação, que defina claramente as prioridades para suporte à diferenciação da empresa, o planeamento das ações de capacitação necessárias – entre os quais investimentos em tecnologia, recrutamento e qualificação de colaboradores – e identifique potenciais parceiros do ecossistema e redes em que a empresa se pretende e pode enquadrar.
As ligações com as universidades e outros parceiros tecnológicos e de conhecimento devem ser desenvolvidas com base nas competências científicas necessárias para as prioridades definidas a nível estratégico, resultando em áreas de colaboração bem definidas.

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