“A adopção 4.0 poderá reduzir problemas estruturais da indústria nacional, incluindo os de escala, eficiência e proximidade ao cliente”

Declarações de Jorge Portugal, Director-Geral da COTEC Portugal, na publicação START & GO. Leia o artigo na íntegra.  

A presente Revolução Industrial em curso “é a primeira que acontece ao mesmo tempo para todos” em que a localização “não é um fator determinante” e em que “o talento, a criatividade e a inovação são as capacidades que irão diferenciar os vencedores dos outros”, começa por dizer Jorge Portugal. O diretor-geral da COTEC disse ainda que, nesta nova era, os “fatores de produção são ativos intangíveis, tais como dados, plataformas digitais e algoritmos”, e, por isso, “a adaptação e assimilação tecnológica de forma contínua não é uma opção, mas uma condição necessária à sobrevivência das empresas”.

Questionado se as empresas nacionais estão preparadas para a 4.ã Revolução Industrial, o responsável admite que “apenas uma em cada quatro têm maturidade tecnológica elevada” e estão assim preparadas para criar novos horizontes de crescimento e competir nos mercados do futuro. As restantes “estão confrontadas com riscos, como produzirem produtos que não respondem aos requisitos dos clientes, não serem suficientemente eficientes na produção ou proporcionarem uma experiência de compra e utilização abaixo das expectativas”.

Nesse contexto, Jorge Portugal salienta que, para mitigarem estes riscos, as empresas “devem procurar adotar uma estratégia de investimento em inovação tecnológica” e afirma que as condições de sucesso passam por vencer três corridas: “pelo cliente, pela qualificação das pessoas e pela transformação do modelo de negócio”.

Para além disso, o responsável sublinha ainda que em Portugal a adoção de tecnologias 4.0 “poderá reduzir problemas estruturais da indústria nacional”, como o da escala, através de maior níveis de colaboração em plataformas digitais; da melhoria da eficiência na produção e na utilização de recursos, através de maior conectividade; da integração e inovação de processos; ou do aumento do preço e do valor acrescentado, através da redução da distância e maior intimidade com o cliente final. Em paralelo, esta nova realidade permitirá ainda reforçar as vantagens competitivas adquiridas pela indústria portuguesa nas últimas décadas, nomeadamente ao nível da rapidez de resposta, da customização da oferta e da relação qualidade/preço.

Garantindo que 4.5 Revolução Industrial “chegará a todos os setores e determinará a atividade de todas as empresas”, embora em tempos distintos e de modos diferentes, Jorge Portugal dá como exemplo o setor da construção civil e a crescente adoção do Building Information Model (BIM). “Nestas condições, irá assistir-se nos próximos anos a uma forte reorganização industrial, com forte pressão sobre a atividade das empresas consolidadas que terão de se adaptar às novas exigências de operação no mercado, seja pelas normas e regulamentos, assimilação tecnológica, ou necessidade de requalificarem os seus trabalhadores e lideranças para um ambiente de negócio fundamentalmente diferente”, afirma.

Por tudo isto, a missão da COTEC “é ajudar as empresas a identificarem novos horizontes de crescimento e concretizarem novas oportunidades através do investimento em inovação”. Para isso, a associação procura ajudar as empresas a identificarem as tendências chave que afetarão o negócio a prazo, encontrar os parceiros que complementarão as competências de que necessitam, melhorar a capacidade de inovação e do seu risco e, por último, influenciar políticas públicas de apoio adequadas às necessidades de inovação, investimento tecnológico e redução dos custos de contexto.

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