A Revolução é Global. E não há como escapar.

O impacto da automação na indústria será global, afectando quer os países mais desenvolvidos, como aqueles que ainda estão a dar os primeiros passos na transformação digital, nos diversos sectores. Melhor desempenho, eficiência e um rápido retorno do investimento está a motivar as empresas a dar o primeiro passo.

Quase se pode ouvir o tic-tac virtual que assinala a contagem decrescente em direcção à massificação da 4.ª Revolução Industrial. O mundo industrializado acordou, nos últimos anos, para a importância desta transformação que pode trazer grandes benefícios para os negócios. A corrida em direcção ao sonho que motiva qualquer empresário
– mais produtividade, menos custos operacionais, mais eficiência e capacidade de resposta às exigências do mercado, mais receitas… – já começou um pouco por toda a parte, com países como o Japão e a China a liderar o pelotão dos que correm em direcção ao pódio ou, na Europa, a Alemanha. No entanto, mais do que os ganhos que cada indústria, mercado ou país poderá ter com as mudanças, a i4.0 permitirá reforçar a globalização. Em alguns casos, o impacto da transformação digital da indústria permitirá criar redes digitais e ecossistemas à escala global, com benefícios positivos para todos os intervenientes.

Esta revolução está também a aproximar as empresas dos consumidores, com tudo o que isso significa. Do lado empresarial, a maior vantagem será a possibilidade de adaptar a oferta às reais necessidades do mercado e às preferências do consumidor, com grande flexibilidade e capacidade de personalização, e a consequente redução de stocks. As empresas não podem descurar a exigência crescente do cliente, mais informado e pouco fiel, sob pena de perderem para a concorrência.

Já do lado de quem compra há hoje um foco muito grande na qualidade da experiência. Mais do que o produto ou serviço, e até do que o preço, os consumidores procuram jornadas de compra simples, eficazes, rápidas e que vão imediatamente ao encontro do que procuram. Não há margem para falhas e qualquer experiência negativa ganha rapidamente gigantescas proporções online, podendo danificar a reputação de qualquer organização, por mais conceituada que seja.

Globalmente, segundo um estudo da PwC sobre a indústria 4.0, a tendência aponta para que 72% das empresas acredite vir a estar mais próxima do consumidor, em 2022, graças à transformação digital – esta percentagem era de 51% em 2017. Neste indicador, as empresas nacionais são um pouco mais pessimistas, com apenas 67% a acreditar numa relação mais próxima com o cliente em 2022 (no momento da realização do estudo, a percentagem era de 44%).

DE DENTRO PARA FORA

Não importa a região do mundo onde se encontra pois a receita da transformação digital na i4.0 é semelhante. Para que seja bem sucedida, a mudança tem que ter início dentro das organizações e estas não devem pretender avançar em todas as direcções em simultâneo. As funções internas essenciais ao negócio deverão ser as primeiras a migrar para o mundo digital, seguindo-se as externas que permitem estabelecer relações simplificadas com a rede de parceiros e fornecedores, e gradualmente ao longo de toda a cadeia de valor.

Actualmente, organizações japonesas e alemãs são as mais avançadas na digitalização das suas operações internas e parcerias ao longo da sua cadeia de valor horizontal. Já as empresas industriais chinesas destacam-se em todos os aspectos da digitalização e estão a avançar muito rapidamente na transformação de todos os processos. Aliás, de acordo com o estudo da PwC, a China é um dos países que poderão tirar mais partido da automação e digitalização dos processos de produção, uma vez que as suas empresas são altamente flexíveis e abertas à mudança. O mesmo estudo refere ainda que, em 2020, as organizações inquiridas acreditam que terão um nível de digitalização das suas operações a rondar os 72%, sendo que, por exemplo, nas Américas, este valor sobe para os 74%, enquanto na Ásia é inferior: 67%. Percentagens que eram, respectivamente, de 33%, 32% e 36% em 2017, ano em que foi realizada a pesquisa da PwC. Curiosamente, os gestores nacionais que participaram neste estudo revelaram que a sua expectativa de digitalização em 2020 era, em média, de 86% (34% em 2017), ou seja, bastante acima da expectativa média mundial.

SER PIONEIRO COMPENSA

De entre as 467 empresas inquiridas pela PwC, todas esperavam conseguir aumentar as receitas e reduzir os custos até 2020. No entanto, as pioneiras são as mais optimistas. Mais de metade (52%) das organizações no grupo líder acreditam que irão atingir ganhos mais significativos. Já entre o grupo das ‘maduras digitais’, apenas 35% tinham a mesma expectativa. Estes resultados permitem concluir que as economias desenvolvidas poderão destacar-se a curto prazo, uma vez que já estão estrategicamente mais alinhadas com as necessidades e, consequentemente, com melhorias ao nível das operações digitais para ganhar eficiência.

Por outro lado, o estudo demonstra que as economias emergentes são as que mais têm a ganhar com a disseminação da i4.0. O seu ponto de partida é mais baixo, pelo que o impacto da transformação terá um efeito mais rápido e visível nos seus produtos e serviços, que ganham eficiência. Ou seja, se as pioneiras vencem no crescimento de receitas, as emergentes destacam-se pela melhoria global da sua oferta no mercado. De acordo com a pesquisa da PwC, podemos observar que 56% das organizações estima vir a ter ganhos de eficiência nos próximos cinco anos. Já no que toca à redução de custos provocada pela digitalização, apenas 43% estão convictas de que atingirão este objectivo. Por último, 35% acreditam que irão aumentar a sua receita.

Olhando para os mesmos indicadores, mas desta feita por região, verifica-se que é na Ásia Pacífico que as empresas estão mais optimistas quanto ao aumento de eficiência nos seus negócios (68%), seguindo-se a Europa, Médio Oriente e África (EMEA) com 55%. Nas Américas, este valor não ultrapassa os 50%. No que se refere à redução de custos, o maior optimismo volta a chegar do oriente, com 57%, sendo de 41% na EMEA e de 39% nas Américas. Por fim, a tendência mantém-se quanto à expectativa de aumento de receitas com 39% das organizações asiáticas a acreditar nesta realidade. Neste indicador, contudo, as Américas apresentavam-se ligeiramente mais optimistas do que a região EMEA com 37% e 32%, respectivamente.

DADOS SÃO O NOVO PETRÓLEO

O desafio da gestão de dados é outro factor que está a ‘obrigar’ as organizações a abrir as portas à Revolução 4.0. Com a velocidade de produção mundial de dados a atingir ritmos alucinantes – 90% dos dados actuais foram criados nos últimos 10 anos – é obrigatório conseguir retirar o máximo partido destas enormes quantidades de informação em bruto, transformando-os em conhecimento verdadeiramente útil para os negócios e as organizações.

Dizem os especialistas, em jeito de metáfora, que os dados são o novo petróleo. Contudo, as empresas têm que começar a preparar-se para dar resposta ao desafio. Segundo o mesmo estudo, cerca de 50% das organizações a nível global tinham, há dois anos, um departamento especializado na análise de dados, mesmo que incorpore também outras funções. Nas empresas nacionais, este valor era ligeiramente superior, chegando aos 54%. Ainda assim, 35% das empresas globais referiam que as competências de análise de dados estavam concentradas num único funcionário, valor que desce para os 33% no panorama nacional.

A par com a análise de dados, a confiança digital será um dos pilares desta ‘nova’ indústria. Aliás, revela a PwC, a principal preocupação das empresas com a segurança a nível global eram as falhas de segurança provocadas por hackers, com 54% dos inquiridos a referir esta questão. Logo a seguir, no topo das preocupações surgiam os riscos inerentes à responsabilização por perda de dados (40%) e a extracção não autorizada de dados ou alterações dos mesmos dentro dos fluxos internos da empresa (40%). Em Portugal, o top3 invertia-se, com esta última preocupação a assumir a prioridade para os gestores nacionais (61%), seguida pelos riscos de perda de dados (55%) e, por fim, com 43% dos inquiridos a revelar preocupação com os ataques informáticos.

INVESTIMENTOS XL

Estimava-se que, até 2022, as empresas investissem, a nível global, cerca de 907 mil milhões de dólares (aproximadamente 808 mil milhões de euros) por ano. De acordo com os dados do estudo i4.0 da PwC, a maior aposta deveria incidir em tecnologias digitais, como sensores ou dispositivos de conectividade, software e aplicações diversas, e Manufacturing Execution Systems (MES).

Fazendo um retrato sectorial deste investimento, o estudo da PwC revelava que o sector da electrónica era aquele que previa investir mais, seguido de vários outros, com metas semelhantes, tais como o aeroespacial, automóvel, engenharia ou transportes.

O ‘tiro’ de partida para a maratona da transformação digital já foi dado um pouco por todo o mundo e a mudança já impactou milhões de pessoas em todo o globo. A i4.0 está a criar oportunidades que são transversais a empresas, governos e cidadãos, apesar de levantar questões como a potencial perda de postos de trabalho. O caminho da progressão está a ser construído aos poucos, mas a realidade já permite concluir que a revolução está aí, é para todos, e não podemos escapar-lhe.

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